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02/05/2018

Cine Brasil – Caratinga – MG


Cine Brasil – Caratinga – MG


Cine Brasil em seus anos iniciais


 – 8 DE JULHO DE 2012PUBLICADO EM: ENCICLOPÉDIAJÁ EXTINTOSSALAS DE CINEMA

O prédio do Cine Brasil, localizado na Praça Getúlio Vargas, foi aberto à população no dia 24 de julho de 1947. Exato um mês depois de Caratinga (MG) completar 99 anos. A bela arquitetura que ainda hoje nos encanta, causou deslumbre da população da época.
A edição do jornal referia-se ao cinema (com a grafia original): “… percorremos as diversas dependências do novo predio, trazendo a melhor impressão possível de tudo que ali nos foi dado ver”. Em outro trecho: “… uma obra monumental, digna dos foros de civilização de Caratinga. Edifício de vastas proporções, amplo, artístico, suntuoso. Tudo revela o gosto mais apurado, a intenção de fazer obra grandiosa, confortável e bela.” e “Caratinga ficará a dever a Empreza um grande benefício, o esplendido melhoramento, que poderemos chamar sem favor – Palacete Cine-Brasil – tal sua beleza arquitetônica e o conforto que ali terão os espectadores de ambos os sexos”.
Além do encantamento com a obra arquitetônica, o que me chamou a atenção nessa frase foi: “… ali terão os espectadores de ambos os sexos”. Questionei alguns frequentadores do cinema à época sobre as condições das mulheres, todos afirmaram que elas não eram impedidas de assistirem aos filmes, o que me faz crer que seja apenas um estilo textual. A questão se fez pertinente por falarmos de tempos onde os valores morais eram muito rígidos. Paralelamente à sedução da imagem na telona, os jovens encontraram no escurinho do cinema o lugar perfeito para o namoro escondido dos pais. “Naquele tempo as mocinhas não podiam namorar, então ali ninguém iria descobrir”, confessou Dora Bomfim.
A edificação da Praça Getúlio Vargas era a materialização do que o cinema significava na época: progresso. A televisão não havia chegado ao Brasil. Só se ouvia o som das notícias e novelas pelo rádio. Assistir às imagens da II Guerra Mundial era possível apenas com películas. Toda essa movimentação social em torno do cinema fez com que ele se tornasse um ótimo negócio para os empresários.
A história do Cine Brasil começa pouco antes da construção do prédio que conhecemos. Em 15 de outubro de 1940, o grupo Circuito Cinematographico Brasil incorporou o Cine Popular na Praça Cesário Alvim, que passou a se chamar Cine Brasil. Logo de início, os empresários melhoraram as salas de som e projeção, de espera e acomodações para os espectadores. Nestor Leite, era proprietário do Cinema PopularRobinson Leite, filho de Nestor, tem esse nome por conta de Robinson Crusoé, personagem do escritor Daniel Defoe que teve várias adaptações para a telona. Ele explicou que a empresa responsável enviava as películas a partir de Ubá, aqui mesmo em Minas Gerais. Por serem muito caras, as películas eram revezadas entre os vários cinemas do grupo, o que nem sempre garantia uma estreia atual.
O negócio prosperou e o grupo investiu um milhão e duzentos mil cruzeiros (dinheiro da época) na construção do novo prédio para o Cine Brasil. Quem assina o projeto do edifício é Armando Favato, mineiro de Juiz de Fora. Numa rápida pesquisa, encontrei obras dele em, pelo menos, mais três cidades: Juiz de Fora, Petrópolis e Brasília.

Em conversa com Sylvio de Podestá, arquiteto, sobre o estilo da construção, ele diz remeter à Art Déco que, aqui no Brasil, foi uma espécie de preparação para a arquitetura moderna, que a gente chama de protomoderna. Ele também chamou a atenção para as influências de cada época. Chama a atenção as janelas redondas do prédio do antigo Cine Brasil lembrando escotilhas de um navio. Na década de 1940, o que havia de mais moderno em tecnologia eram os grandes navios transatlânticos, daí a influência.

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